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Nunca nos ouviste. Ou se ouviste, não quiseste acreditar.
A nicotina viciou-nos. Viciou os meus sonhos, viciou a minha vida. Viciou-nos e matou-nos. A ti porque sim, a mim porque não te quero deixar ir – ainda mais.
Sei de cor um a um os cigarros que queimaste. Conheço-os e odeio-os.
Vejo-te sentado no teu sofá, com um cigarro na boca - continuo a olhar para ti – sugas o fumo com o prazer de um menino a quem dão um gelado de chocolate. Os teus olhos brilham, és feliz, estás feliz – deixem-me fumar, sou feliz – dizias.
Odeio os cigarros, os exames que não quiseste fazer e quero odiar-te, porque foi assim que nos mataste, porque é esta a nossa história de amor. E mais me odeio a mim porque fui eu que comprei quase, um a um, os cigarros que te mataram. Porque sabia que eras feliz, porque quando chegava, arregalavas os olhos com o brilho de mil sóis e sorrias outra vez. Posso garantir-te, avô, que nesses momentos e só nesses momentos, eu era mais feliz do que tu.
A mãe conta que no dia em que nasci, foi a primeira vez que foste parar ao hospital. Tão pequena e já me matavas. Tinha 10 anos quando foste operado ao coração. Eu e a mana fizemos-te uma cartolina enorme cheia de corações e brilhantes, flores e cores – as minhas meninas – disseste.
Fiquem cheia de esperanças de que ias deixar essa droga que a pouco e pouco acabou comigo, e ainda acaba avô.. mas quiseste continuar.
Porquê? Porque não nos ouviste? Tinhas que voltar ao médico a cada três anos, mas não quiseste voltar. Preferiste isto.
A penúltima vez que foste para o hospital telefonei-te. A última vez, não te fiz sorrir, não te mandei uma cartolina cheia de sonhos e sorrisos – que eram só nossos – não te telefonei. Fez-se silêncio. Faz-se.
A nicotina viciou-nos. Viciou os meus sonhos, viciou a minha vida. Viciou-nos e matou-nos. A ti porque sim, a mim porque não te quero deixar ir – ainda mais.
Sei de cor um a um os cigarros que queimaste. Conheço-os e odeio-os.
Vejo-te sentado no teu sofá, com um cigarro na boca - continuo a olhar para ti – sugas o fumo com o prazer de um menino a quem dão um gelado de chocolate. Os teus olhos brilham, és feliz, estás feliz – deixem-me fumar, sou feliz – dizias.
Odeio os cigarros, os exames que não quiseste fazer e quero odiar-te, porque foi assim que nos mataste, porque é esta a nossa história de amor. E mais me odeio a mim porque fui eu que comprei quase, um a um, os cigarros que te mataram. Porque sabia que eras feliz, porque quando chegava, arregalavas os olhos com o brilho de mil sóis e sorrias outra vez. Posso garantir-te, avô, que nesses momentos e só nesses momentos, eu era mais feliz do que tu.
A mãe conta que no dia em que nasci, foi a primeira vez que foste parar ao hospital. Tão pequena e já me matavas. Tinha 10 anos quando foste operado ao coração. Eu e a mana fizemos-te uma cartolina enorme cheia de corações e brilhantes, flores e cores – as minhas meninas – disseste.
Fiquem cheia de esperanças de que ias deixar essa droga que a pouco e pouco acabou comigo, e ainda acaba avô.. mas quiseste continuar.
Porquê? Porque não nos ouviste? Tinhas que voltar ao médico a cada três anos, mas não quiseste voltar. Preferiste isto.
A penúltima vez que foste para o hospital telefonei-te. A última vez, não te fiz sorrir, não te mandei uma cartolina cheia de sonhos e sorrisos – que eram só nossos – não te telefonei. Fez-se silêncio. Faz-se.
Aqui tens avô, a nossa história de amor. A história de uma menina que matou o avô, que não disse obrigada por tudo, que não lhe escreveu um poema e que não disse o quanto o amava. A história de uma menina que só consegue chorar e levar rosas brancas. A história de uma menina, a quem tiraram o gelado de chocolate.
* Como te preciso. a tua poetisa
9 Comments:
O modo como descreves a situação transporta-me sempre para a própria história...
Não te sei comentar o seu conteudo, pois fico sempre sem dizer o que dizer quando os textos são tão pessoais.
Fico somente à espera que após estes textos venham os textos alegres sobre os momentos bons que partilharam.
Bj
aquele avo^
..
sem ele(s) n somos ng.
optimo *
Dificil a separação... tiram-nos tudo. os momentos brilhantes são agora a sombra do escuro.
Mas voltando a tras existe sempre o sol, o gelado dechocolate, os sonhos, as flores, o mar, os cheiros, as cores...
um beijo para a poetisa.
Tu comoves-me, sabias?
Todos os teus posts me fazem chorar...Tens uma escrita tão profunda, tão simples, mas tão forte... como tds os outros, está 5 estrelas!Jokas e continua
Lubiden,
Nem sei se és de Lisboa, mas
deixei-te um convite no
EXTRANUMERÁRIO e gostaria
imenso que aceitasses!
Deixo-te mil sorrisos!
Quando te leio só me consigo lembrar do meu avô ...
Beijinho
deixaste-me emocionada...gostei!
Carlota
Como sempre, emociono-me qdo te leio.
Jinhos
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